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  • Foto do escritorRafael Corsetti

Por que o Brasil perdeu a Copa (de novo)?

Passado mais um trauma futebolístico, gostaria de compartilhar um pensamento que, surpreendentemente, apesar de me parecer óbvio, não li em lugar algum. Paixões e desilusões à parte, por que o Brasil fracassou mais uma vez na Copa do Mundo?


"Ah, porque o Neymar não bateu o primeiro pênalti!"

Será? Leve-se em conta que o Brasil errou DOIS pênaltis e os croatas não erraram nenhum... durante toda a competição!


"Então, foi porque o Fred falhou no contra-ataque que gerou o gol de empate."

Mesmo? E os outros nove jogadores que, igualmente, não estavam posicionados para combater os atacantes adversários?


"Bom... É que o Tite é um treinador ruim!"

Meio contraditório colocar na conta de um único profissional que liderou a equipe por seis anos e venceu todas as demais competições, não acham?


"Tá, então, é porque nossos jogadores não são tão bons quanto os outros!"

Sério? Comparem com a Argentina. Nome a nome, exceto por Lionel Messi, nossos hermanos possuem algum jogador superior aos brasileiros?


Vamos analisar de forma ampla. O Brasil não conquista uma Copa desde 2002. Isso significa que são 20 anos de insucessos. Neste período, dezenas de jogadores foram testados, diferentes técnicos foram contratados e, até, a direção da CBF foi trocada. Por que persistem os fracassos?


Nosso problema se tornou mais complexo do que apenas personalizar os erros. Nossas limitações penetraram o nível cultural. A Seleção Brasileira de futebol masculino construiu uma cultura onde o mérito - tanto quanto o erro - é individual. Ou seja, há a ilusão de que a vitória não ocorre pela força coletiva. Coloca-se na conta de um atleta tudo o que dá certo (ou errado). Por exemplo, até hoje, há pessoas dizendo que "o Romário ganhou a Copa de 94". Quando, na verdade, havia 22 jogadores e uma comissão técnica extremamente eficientes, dedicados e obcecados pela ideia de vencer. Foi a determinação de todos que permitiu quebrar o jejum de 24 anos sem títulos e não apenas os seis gols do Romário. Ele teve muito mérito, mas os demais também tiveram.


Em todas as organizações é assim. O foco coletivo é que gera os maiores resultados. É claro que há pessoas que se destacam. Há profissionais que criam soluções diferenciadas. Por isso, as empresas normalmente possuem hierarquias e estruturas de cargos. Quem entrega mais recebe maiores oportunidades. Só que isso não invalida o esforço geral.

Quando falo de Cultura, quero dizer que ela perpassa tudo o que fazemos: relações, hábitos, projetos... sem exceção! Seja em uma Copa do Mundo, seja nas batalhas cotidianas, se queremos vencer, precisamos estar comprometidos de corpo e alma. Por isso, a Argentina é campeã e nós, há vinte anos, não somos. Se a equipe inteira não estiver no mesmo barco, a chance de sucesso é mínima!


Vemos claramente estas condições em alguns clientes. Organizações e pessoas corretas, comprometidas e capazes, mas que nem sempre conseguem insuflar o alinhamento necessário para que todos compartilhem os objetivos e apontem seus esforços para o mesmo norte. Isso gera dispersão e perda de energia (o que reduz a chance de se atingir os resultados). Apenas quando somamos nossas forças e corremos juntos conseguimos superar desafios. Do contrário, sempre haverá um argentino, um francês ou um croata para passar a nossa frente.



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