Com a colaboração de Thais Langer e Luciana Dantas
Recentemente, em uma reunião de início de ano com empresários de diversos segmentos, observei uma tendência em comum: a preocupação com o futuro da economia do Brasil e as possíveis consequências frente a um ambiente político de incertezas e que acabam por gerar expectativa de redução de negócios e consumo. Ou seja, baixas demandas no horizonte.
Imediatamente, como é de minha natureza, criei uma analogia com a vela, e percebi que isso se assemelha muito a uma situação de se velejar em ventos fracos.
Como instrutor, sempre digo aos meus alunos: velejar um barco em vento fraco é uma das coisas mais difíceis que existem na vela. Você provavelmente já assistiu, em filmes ou vídeos, veleiros desafiando ventos fortes ou tempestades, e sentiu o desafio e a dificuldade da tripulação para manter o barco “em pé” e sob controle. A adrenalina toma conta de quem assiste essas cenas (imagine a adrenalina da tripulação!).
Contudo, vídeos com barcos em cenários de calmaria não tem o mesmo apelo dramático, justamente porque não envolve grandes emoções no público que os assiste. Mas eu garanto para vocês: é muito difícil navegar com quase nenhum vento, e exige muita, muita técnica!
"A visão de um velejador é sempre observar e antecipar o ambiente, extraindo dele as melhores chances de fazer seu barco andar"
O desafio do vento fraco
Enquanto o vento é o combustível do seu veleiro, a vela é o motor. Neste caso, bastante vento é sinal de abundância, de que o motor (a vela) não vai deixar de ser abastecida. Isso quer dizer que o veleiro navegará mesmo que a tripulação não esteja fazendo tudo - ou a maioria das coisas - de maneira correta. Claro que uma tripulação bem preparada e ativa fará seu barco aproveitar ao máximo essa condição, fazendo-o andar mais do que qualquer outro.
Agora, em uma situação de ventos escassos, o “combustível” (o vento) precisa ser aproveitado em cada “gota”. Logo, se a tripulação não conhece as técnicas para um cenário desse tipo, não terá condições de analisar e tomar as providências necessárias para fazer seu barco andar para frente, mesmo que vagarosamente. Ou seja, é nesse tipo de condição que as técnicas se sobressaem.
Porém, dominar as técnicas não é o bastante: é necessário saber aplicá-las, distribuindo tarefas e responsabilidades entre todos a bordo, e continuamente analisar os indicadores disponíveis para medir o desempenho do barco, além dos indicadores que comparam o desempenho com outros barcos do mesmo porte e nos ajudam a saber se estamos andando mais ou menos que nossos concorrentes. Lembre-se: não importa a nossa velocidade, importa é se estamos mais rápidos que nossos concorrentes e no rumo certo.
Saber colocar a técnica em prática
Logo, fica clara a necessidade de ter equipes bem preparadas e bem entrosadas. Times que se comunicam efetivamente para colocar seus conhecimentos técnicos em execução - especialmente num cenário desafiador como o que passamos agora - se destacarão.
Possuir as técnicas, mas não as utilizar efetiva e inteligentemente, de nada valem. Equipes mal preparadas, com baixa integração e pouco sintonizadas não resolverão o problema quando a situação exigir.
A visão de um velejador é sempre observar e antecipar o ambiente, extraindo dele as melhores chances de fazer seu barco andar, compartilhando suas observações com os demais a bordo, criando um espírito de integração, sincronia e sinergia, e fazendo as adaptações exigidas ao cenário que farão a diferença no resultado a ser alcançado. Esse mesmo espírito é o que tanto se deseja também nas empresas e no trabalho das equipes, e são elas - as equipes - que farão os resultados da sua empresa acontecer (ou não).
Então, em um cenário de tantos desafios, a equipe da sua empresa está realmente preparada para os próximos tempos? Além de ser tecnicamente capacitada, ela sabe agir de maneira sincronizada, sintonizada e assertiva? Pense bem nisso e não deixe para depois a chance de treinar e capacitar seu time.
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